Ainda hoje, frequentemente me deparo com o desconhecimento de pacientes e profissionais da saúde (incluindo médicos) dos sintomas do AVC.
Não há quem não saiba: dor no peito pode ser infarto!
Essa campanha de divulgação do conhecimento facilitou sobremaneira o diagnóstico e tratamento precoce do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), possibilitando melhorar a sobrevida desses pacientes. O mesmo cenário, entretanto, não vemos ainda com o AVC.
Comumente recebo para avaliação pacientes encaminhados com suspeita de AVC que, na verdade, possuem um quadro clínico muito distinto e que poderia ter sido facilmente descartado sem a necessidade de um especialista. Outras vezes, pacientes com quadro clínico TÍPICO de AVC que buscaram por outros serviços de saúde e voltaram para casa SEM o diagnóstico ou tratamento. Muitas vezes ainda, os pacientes apresentam os sintomas e, por desconhecimento, sequer procuram algum atendimento médico.
Para responder a essas dúvidas, decidi escrever o post de hoje.
De antemão, chamo a atenção para o principal: todo AVC começa DE REPENTE, de forma súbita, como um trovão! Os sintomas mais frequentes são:
1. Desvio da boca (a boca fica “torta”) para um lado do rosto
Geralmente a pessoa percebe esta alteração porque a fala fica diferente, mais enrolada, com saída de saliva pelo lado mais fraco e a assimetria no rosto fica ainda mais evidente quando a pessoa tenta falar ou sorrir.
2. Paralisia de um lado do corpo
Pode acometer o lado todo do corpo ou, em maior ou menor grau o braço ou a perna. A pessoa percebe fraqueza, dificuldade para andar, quedas, tropeços. A sensibilidade pode também estar alterada, como se estivesse sido anestesiada.
3. Dificuldade para coordenação
A pessoa apresenta tontura súbita, desequilíbrio e dificuldade para ficar de pé e caminhar corretamente, como se estivesse bêbado. A diferença da “labirintite comum” é a duração dos sintomas, na labirintite estes sintomas costumam passar rapidamente. Em contrapartida, no AVC estes sintomas são persistentes e em geral vem acompanhados de alguns dos outros sintomas aqui descritos.
4. Alteração da linguagem
O paciente pode ter dificuldade para compreender, nomear objetos, repetir, formar frases completas e a comunicação se torna difícil, muitas vezes não respondendo coerentemente às perguntas que lhes são feitas. Ao perceberem a dificuldade, os pacientes podem ficar calados e, em algumas vezes, mudos. Muito comum ouvirmos os familiares referirem que o paciente esteja confuso ou não esteja falando “coisa com coisa”.
5. Alteração da visão
Este sintoma pode se manifestar com falhas no campo da visão (hemianopsias) e, neste caso, o paciente poderá ter dificuldade de enxergar um lado específico de seu campo visual, esbarrar nos móveis de casa ou até mesmo provocar algum acidente. Outro sintoma comum é a visão dupla e estrabismo (desalinhamento dos olhos).
6. Alteração da consciência
O paciente pode apresentar, de maneira inesperada e duradoura, sonolência. É importante diferenciarmos do uso de algum medicamento entorpecente ou hipnótico.
Tempo é cérebro!
Diante de alguma destas situações, ligue para o SAMU (192)!
Ajude a compartilhar o conhecimento sobre o AVC. Você poderá ajudar a salvar a vida de uma pessoa muito especial para alguém.
Forte abraço!